Cultura hip-hop na Educação Física
um projeto de educação antirracista com estudantes que não se autodeclaravam negros/as
DOI:
https://doi.org/10.22420/rde.v18i40.1746Palavras-chave:
Racismo Sistêmico., Hip Hop, Educação Básica, Educação FísicaResumo
Este relato de experiência é resultado de um projeto de educação interdisciplinar antirracista desenvolvido em uma escola de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, região de predomínio da cultura teuto-brasileira. Centrado nos princípios da Cultura Hip-Hop, o projeto foi desenvolvido por um professor de Educação Física negro, entre 2020 e 2021. Participaram 104 estudantes do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental, que não se autodeclaravam negros/as. De modo descontraído e engajado, mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelas restrições sanitárias decorrentes da pandemia, boa parte dos/as estudantes passou a refletir sobre as dissimetrias nas relações étnico-raciais enraizadas em nosso país, especialmente os privilégios da branquitude na produção das mazelas do povo negro. Destacam-se pontos positivos como o surgimento de grupos de pesquisa com a temática do racismo e da Cultura Hip-Hop na escola, a conscientização e reflexão sobre essa temática dentro da comunidade escolar (professores/as, famílias, estudantes) e a integração bem-sucedida das lições aprendidas com o projeto no cotidiano dos alunos fora da escola. No entanto, nota-se a necessidade de mais iniciativas desse porte para a efetiva desconstrução do racismo estrutural e, por consequência, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
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