“O tempo inteiro sob esse ar de punição”

entre a docilização e a cultura de si em uma escola militarizada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22420/rde.v17i37.1736

Palavras-chave:

Militarização, Escola., Punição, Subjetividades, Disciplina

Resumo

O presente artigo aborda tensões na militarização de escolas públicas em Goiás, buscando compreender como os indivíduos concebem estratégias de (re)existência às tentativas de padronização de seus corpos. Como referencial, os conceitos de tecnologias de si, vigilância e punição, em Michel Foucault (1999, 2004, 2005) e Guacira Louro (2022). A pesquisa é qualitativa, com dados obtidos via entrevistas semiestruturadas. Como resultados, a ideia de que os/as sujeitos/as que mais escapam à normalização branca, classe média e heterossexual são os/as que precisam desenvolver mais estratégias de sobrevivência institucional. Para mulheres, negras e homossexuais, a vigilância é acrescida do componente interrelacional, operada por colegas imbuídos/as de senso de dever no cumprimento às normas, por mais contrárias à lógica ou ao sucesso didático pedagógico. Salientamos a coexistência de múltiplas subjetividades entre os polos de adesão integral ao modelo disciplinar e o de ser ‘convidado a se retirar’ por inadaptação.

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Biografia do Autor

Maria Izabel Machado, Universidade Federal de Goiás

Doutora em Sociologia. Professora da Faculdade de educação, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás.

Jéssica Rodrigues da Silva Bueno, Universidade Federal de Goiás

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

2023-05-04

Como Citar

Machado, M. I., & Rodrigues da Silva Bueno, J. (2023). “O tempo inteiro sob esse ar de punição”: entre a docilização e a cultura de si em uma escola militarizada. Retratos Da Escola, 17(37), 225–243. https://doi.org/10.22420/rde.v17i37.1736

Edição

Seção

Militarização das escolas públicas no Brasil