Discursos subversivos

quando o possível habita o currículo escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22420/rde.v16i35.1324

Palavras-chave:

Subversivo, Resistência, Gênero

Resumo

Vendo-nos envolvidos em uma atmosfera que nos entristece e minimiza nossa agência, sentimo-nos impelidos a mobilizar ditos de resistência sobre gênero de um professor e duas professoras de uma escola pública. Esses ditos estão inscritos em discursos subversivos sobre normas de gênero, afirmando o possível no currículo escolar e a vida em sua multiplicidade, fora de fronteiras e enquadramentos da normatividade. Acreditamos que possam reativar a resistência, o que é sempre possível. O texto é parte de uma pesquisa de mestrado em Educação que analisou processos de (re)produção de sujeitos generificados em uma escola pública de educação básica, em Aracaju – SE, elaborada na perspectiva pós-crítica educacional entre 2015 e 2017. Como metodologia, articulamos entrevistas semiestruturadas – com 16 docentes, 12 mulheres e 4 homens, com idades entre 27 e 66 anos –, análise do discurso e problematização de inspiração foucaultiana. Para este texto trouxemos excertos de 3 dessas entrevistas. Podemos afirmar que apesar de todo investimento no apagamento das questões de gênero, as resistências constituem o fazer docente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Danilo Araujo de Oliveira, Universidade Federal do Maranhão

Doutor em Educação e professor da Universidade Federal do Maranhão. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículos e Culturas e do Observatório da Juventude.

Anderson Ferrari, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutor em Educação e professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Referências

ALUNO sugere trabalho com tema LGBT e é rechaçado; família denuncia. UOL, São Paulo, 14 de jun. 2021 (online). Disponível em <https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/06/14/aluno-trabalho-tema-lgbt-escola.htm>. Acesso em 23 jun. 2021.

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo, v. I, II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. São Paulo: n-1, 2019.

BUTLER, Judith. Judith Butler escreve sobre sua teoria de gênero e o ataque sofrido no Brasil. Folha de São Paulo, São Paulo, 2017, online. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/11/1936103-judith-butler-escreve-sobre-o-fantasma-do-genero-e-o-ataque-sofrido-no-brasil.shtml>. Acesso em 28.7.2022.

BUTLER, Judith. Regulações de gênero. Revista Cadernos Pagu, Campinas, n. 42, p. 249-274 jan./jun, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-8333201400420249

BUTLER, Judith. Deshacer el género. Barcelona: Paidós. 2006.

BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BRITZMAN, Deborah. O que é esta coisa chamada amor – identidade homossexual, educação e currículo. Trad. T. T. Silva, Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 21, n.1, p. 71-96, jan./jun. 1996. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71644>. Acesso em: 11 jan. 2021.

CAETANO, Márcio; SILVA JUNIOR, Paulo Melgaço da & GOULART, Treyce Ellen Silva. “Eu me sentia assim, meio que excluído”: performances hegemônicas e as dissidências na escola. In: MESSEDER, Suely; CASTRO, Mary Garcia &

MOUTINHO, Laura (Orgs.). Enlaçando sexualidades: uma tessitura interdisciplinar no reino das sexualidades e das relações de gênero [online]. Salvador: EDUFBA, 2016, p. 127-156. Disponível em <https://doi.org/10.7476/9788523218669.0008>. Acesso em: 11 jan. 2021.

CARNEIRO, Glaucia Conceição et al. Currículo das errâncias com a pedagia da hesitação: corpo, cidade e artivismos. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

DELEUZE, Gilles. Lucrèce et le simulacre. In: DELEUZE, Gilles. Logique du sens. Paris: Les Edition de Minuit, 1969, p. 307-324.

FERRAZ, Maria Cristina Franco. Medo – ou como surfar turbilhões. 2020. N-1 edições (online). Disponível em <https://www.n-1edicoes.org/textos/120>. Acesso em: 11 jan. 2021.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2002.

FOUCAULT. Michel. Polêmica, política e problematizações. In: FOUCAULT. Michel. Ditos & escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. p. 225-233.

FOUCAULT. Michel. Vigiar e punir: Nascimento da Prisão. 42 ed. Petrópolis: Vozes, 2014a.

FOUCAULT. Michel. Ditos e escritos IX: genealogia da ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014b.

FOUCAULT. Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo: Paz e Terra, 2014c.

GOODSON, Ivor. A construção social do currículo. Lisboa: Educa, 1997.

LAVAL, Christian. Foucault e a experiência utópica. In: FOUCAULT, Michel. O enigma da revolta. Trad. Lorena Balbino. São Paulo: n-1, 2019, p. 103-142.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade – O “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane & GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, gênero e sexualidade: Um debate contemporâneo na educação. Rio de Janeiro: Vozes. 2010, p. 41-52.

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. p. 7-34.

MARCONDES, Luiza & SILVA, Diony. Professora é intimidada por vereador ao passar texto sobre mês do orgulho LGBTQI+; áudio. G1, Espírito Santo, 21 de jun. 2021 (online). Disponível em <https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2021/06/21/professora-e-intimidada-por-vereador-no-es-ao-passar-texto-sobre-mes-do-orgulho-lgbtqi.ghtml>. Acesso em: 23 jun. 2021.

MEYER, Dagmar. Currículos de gênero e sexualidade: Sobre tormentas e resistências criativas em territórios disputados. In: PARAÍSO, Marlucy Alves & CALDEIRA, Maria Carolina da Silva (Orgs.). Pesquisa sobre currículos, gêneros e sexualidades. Belo Horizonte: Mazza, 2018, p. 9-12.

PARAISO, Marlucy Alves. Fazer do caos uma estrela dançarina no currículo: invenção política com gênero e sexualidade em tempos do slogan ideologia de gênero. In: PARAÍSO, Marlucy Alvez. & CALDEIRA, Maria Carolina da Silva (Orgs.). Pesquisa sobre currículos, gêneros e sexualidades. Belo Horizonte: Mazza, 2018, p. 23-52.

PARAÍSO, Marlucy Alves. O currículo entre o que fizeram e o que queremos fazer de nós mesmos: efeitos das disputas entre conhecimentos e opiniões. E-curriculum, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 1414-1435, out./ dez. 2019. DOI: https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i4p1414-1435

PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo e formação profissional em lazer. In: ISAYAMA, Hélder Ferreira (Org.) Lazer em estudo: Currículo e Formação Profissional. Campinas: Papirus. 2010a. p. 27-58.

PELBART, Peter Pál. Ensaios do assombro. São Paulo: n-1, 2019.

RANNIERY, Thiago. Gênero não tem cabimento, nem nunca terá: ensino de biologia e a relação natureza e cultura. Revista Educação e Cultura Contemporânea. Rio de Janeiro, v. 18, n. 52, p. 485-516, 2021. DOI: https://doi.org/10.5935/2238-1279.20210022

ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetina. São Paulo: n-1, 2019.

OLIVEIRA, Danilo Araujo de & FERRARI, Anderson. Vigilância da sexualidade e heteronormatividade no currículo escolar. Revista Linguagens, Educação, Sociedade, Teresina, ano 25, n. 46, set./dez. 2020.

OLIVEIRA, Danilo Araujo de & FERRARI, Anderson. “No meu tempo, [...] haveria um respeito ao sexo e ao gênero das pessoas”: Reiterações das normas de gênero e da heteronormatividade no currículo escolar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 22, n.48, p. 194-220, jan./abr. 2021. DOI: https://doi.org/10.5965/1984723822482021194

OLIVEIRA, Danilo Araujo de; FERRARI, Anderson & MATHIAS, Érika Kelmer. Onde querem medo, fazer-se bruta-flor: criações de possíveis no território curricular com gênero e sexualidade em tempos que amedrontam. Currículo sem Fronteiras, online, v. 22, e1801, p. 1-29 2022. DOI: https://doi.org/10.35786/1645-1384.v22.1801

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 49-82.

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

WEEKS, Jeffrey. Against nature. Londres: Rivers Oram Press, 1991.

Downloads

Publicado

2022-09-15

Como Citar

Oliveira, D. A. de, & Ferrari, A. (2022). Discursos subversivos: quando o possível habita o currículo escolar. Retratos Da Escola, 16(35), 613–631. https://doi.org/10.22420/rde.v16i35.1324