Uma ficção biológico-conservadora: discursos de ódio contra as dissidências sexuais e de gênero e seus impactos na educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22420/rde.v14i28.1099

Palavras-chave:

Biologia. Ultraconservadorismo. Dissidências de gênero e sexualidade. Discursos de ódio.

Resumo

A partir dos estudos de gênero de vertente pós-estruturalista, investigamos um conjunto de enunciados extraídos de artigos científico-biológicos, além de um conjunto de enunciados obtidos a partir de perfis do Twitter reconhecidos por seu posicionamento odioso em relação às experiências sexuais e de gêneros dissidentes, para discutir como os estudos científico-biológicos sobre experiências trans e manifestações do desejo não heterossexuais podem ser pensados como fontes de reverberação de discursos de ódio na atualidade. Nossa aposta é que esses discursos têm sido apropriados pelo ultraconservadorismo, especialmente o de cunho religioso, como mote para a assimetria de direitos, de proteção e exposição à violência, atuando, inclusive, na distribuição da precariedade a que os sujeitos da diversidade sexual e de gênero estão submetidos.

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Biografia do Autor

Tamires Tolomeotti Pereira, UFPR

Doutoranda em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná na linha de pesquisa Diversidade, Diferença e Desigualdade Social em Educação. Mestra em Educação pela Universidade Federal do Paraná (2018). Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Pesquisadora do GILDA (Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação – UFPR/CNPq). 

Jamil Cabral Sierra, UFPR

Licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE (1999), Especialista em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE (2002), Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2004), Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2013), Pós-Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2017). Foi bolsista de estágio doutoral no Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa - UL (2012). Atualmente é professor adjunto no Departamento de Planejamento e Administração Escolar - DEPLAE e professor permanente no Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE, do Setor de Educação, da Universidade Federal do Paraná - UFPR. É coordenador e pesquisador do GILDA - Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação (UFPR/CNPq). É Coordenador da Linha de Pesquisa em Diversidade, Diferença e Desigualdade Social em Educação (2019-2020). É consultor Ad Hoc da Educar em Revista. Foi vice-Coordenador do curso de Licenciatura em Linguagem e Comunicação da UFPR (2014-2016). Foi Coordenador do Eixo 18 - Educação, Gênero e Sexualidade da ANPED Sul (2015). Tem experiência na área de Educação e Letras, com ênfase nos seguintes temas: Relações de Gênero, Sexualidade e Educação; Diversidade Sexual e Linguagem; Estudos da Diferença; Estudos Foucautianos e Educação.

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Publicado

2020-07-29

Como Citar

Pereira, T. T., & Sierra, J. C. (2020). Uma ficção biológico-conservadora: discursos de ódio contra as dissidências sexuais e de gênero e seus impactos na educação. Retratos Da Escola, 14(28), 39–56. https://doi.org/10.22420/rde.v14i28.1099

Edição

Seção

A batalha em torno do gênero: a Educação Básica contra ataca